Obesidade e Emagrecimento

A obesidade e o sobrepeso são uma epidemia global. É importante lembrar que a obesidade é uma doença crônica que precisa de tratamento.

O que é Obesidade?

A obesidade é uma doença crônica. O que seria isso? Uma doença que não tem cura. Isso parece assustar muita gente, além de muitos não considerarem a obesidade uma doença, já que supõem que seja devido apenas a escolhas pessoais.

De fato, as escolhas influenciam na obesidade. Geralmente pessoas com obesidade têm histórico de alimentação inadequada, ainda que já tenham mudado, mas mantiveram um comportamento alimentar não saudável por um bom tempo, seja desde a infância por influência familiar ou pelo próprio comportamento e pelo contexto de vida.

Porém, ainda que nossas escolhas influenciem na obesidade e cabe a nós começarmos a mudar nossa mentalidade e ações, sabemos que não é apenas isso que determina esta condição.

Há fatores genéticos que contribuem para obesidade, que até o momento não temos como intervir de maneira significativa e segura. Alguns fatores estão ligados ao estímulo que o alimento faz no cérebro, que pode ser diferente entre as pessoas, outros são relacionados ao gasto de energia, qualidade do sono, comorbidades associadas que contribuam como predisposição a desenvolverem resistência insulínica e diabetes, doenças endócrinas associadas, entre outros.

Aspectos psíquicos também interferem na obesidade, podendo contribuir para agravar o quadro como ansiedade, depressão, temperamento, impulsividade, compulsão, que também possuem associação genética, ambiental e comportamental. Dependendo da forma que se manifestam essas questões, podem contribuir para aumento da ingestão alimentar, menor saciedade, menor controle, piora da qualidade da alimentação e interferem no nível de atividade física e sono.

E a grande questão envolvendo a obesidade, que faz com que ela se torne uma doença crônica, é a adaptação evolutiva que tivemos ao longo da história, que contribuiu para que no contexto de vida atual a obesidade tenha se tornado uma doença endêmica.

Para sobreviver na escassez de alimento, nosso corpo aprendeu a estocar energia sempre que houvesse falta de alimento e a aumentar nossa fome e prazer em comer para que buscássemos mais alimento em situações adversas. Isso nos propiciou sobreviver a condições de estiagem, de temperatura extrema e tempestades.

Porém, na atualidade, o acesso a alimentos calóricos está tão fácil que dificilmente estamos em uma situação real de escassez. Ainda que nem sempre de qualidade nutricional boa, é sempre possível ingerir alimentos com alta concentração de energia, inclusive baratos e não perecíveis. Além disso, esses alimentos são altamente palatáveis, estimulando muito as áreas de prazer e recompensa cerebrais, dificultando a interpretação da fome e saciedade, fazendo com que facilmente tenhamos dificuldade de perceber a quantidade real de comida necessária para o momento.

Por isso, ao emagrecermos, nosso organismo interpreta que estamos em escassez, e passa a estocar/reduzir o metabolismo para guardar gordura. Tendemos a ficar menos ativos, mais parados, com menos energia para economizar. Ao passo que sentimos mais fome a cada quilo perdido, menos saciedade e mais prazer em comer.

Por isso emagrecer, como dizia Alfredo Halpern, um grande endocrinologista especialista em obesidade, é andar numa escada rolante ao contrário. Sempre precisaremos buscar mecanismos para burlar a nossa tendência natural de voltar ao nosso maior peso, que para nosso organismo é considerado o peso da “ausência de escassez”.

Quanto mais engordamos, seja por escolhas alimentares ruins, problemas psíquicos que nos fazem piorar a qualidade alimentar como recompensa buscando alimentos mais prazerosos, seja pela correria e falta de organização em planejar refeições saudáveis, sedentarismo, doenças crônicas associadas, privação de sono, mais mudamos nosso relógio biológico para um ponteiro mais alto da balança, e mais difícil se tornará permanecer longe dele.

Diante disso tudo, imaginem que temos que atuar o quanto antes, já que a obesidade não é só uma questão estética. Nosso organismo não foi feito para ter obesidade; ele tende à obesidade porque presume que não há abundância de alimentos calóricos artificiais no mundo. Por isso, quanto maior o nível de obesidade, maiores são as complicações para a nossa saúde.

Complicações da Obesidade

A obesidade inflama o organismo, ou seja, torna nosso corpo em estado de alerta, emergência. Tudo trabalha de maneira mais instável, como se estivéssemos em desequilíbrio. As articulações sofrem com a sobrecarga, reduzimos a mobilidade, passamos a ter dores com facilidade e lesões. Nosso cérebro não trabalha de maneira eficiente, aumentando o risco de perda de memória, redução do rendimento cerebral, demência e transtornos psíquicos. Nosso coração trabalha sobrecarregado, já que com o volume do corpo maior ele precisa bombear com mais força, a pressão tende a subir, o volume de sangue aumentar, os problemas de circulação e dificuldade de drenagem se agravam, o pulmão cansa de tanto fazer força, ficamos mais vulneráveis a doenças respiratórias e apneia do sono. O fígado tende a acumular gordura, atrapalhando suas funções na fabricação de substâncias essenciais para o organismo, além de não conseguir metabolizar as toxinas.

Hormônios

Nossos hormônios ficam confusos, precisam trabalhar mais, alguns se tornam insuficientes já que a gordura em excesso começa a transformar hormônios em outros, e nossa orquestra de feedback entre as glândulas fica descompassada.

Fertilidade

A fertilidade cai. O corpo em emergência sabe que não é mais tão seguro gerar uma vida, e começa a reduzir o nível de ovulação e produção de espermatozoides.

Pâncreas

O pâncreas fica sobrecarregado. O excesso de gordura demanda maior produção de insulina e passamos a ter excesso de insulina no corpo, que gera um aumento de trabalho dos órgãos para eliminá-la, além de muitas vezes por não ser produzida em quantidade suficiente para a maior demanda, gera aumento da glicemia e maior risco para o diabetes.

Disposição

A disposição cai. Um organismo em sobrecarga nos rouba energia, física e mental, comprometendo nosso rendimento em diversas funções diárias.

Diante de um quadro de sobrepeso ou obesidade, a busca de ajuda profissional, incluindo principalmente o médico endocrinologista, pode auxiliar no tratamento adequado com ou sem medicamentos, investigando fatores associados, tratando comorbidades e encaminhando para equipe multidisciplinar se necessário.

Blog Dra Renata Gonçalves Campos

Dra. Renata Gonçalves Campos

Endocrinologista em São Paulo

CRM 135847-SP

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